Versatilidade e Precisão
Os
teclados são tão versáteis que podem ser tocados sozinhos como instrumento de
solo ou acompanhamento, como também podem interagir com uma banda completa
preenchendo espaços na música com sons de efeitos. Apesar de o teclado ser tão
útil por causa de sua versatilidade e abrangência de sons diferentes, isso pode
se tornar um grande revés nas mãos de um músico amador e, até mesmo, de um
pianista profissional. Saber como utilizar o teclado em uma banda vai depender
de vários fatores que devem ser considerados, tais como: estilo musical de sua
banda, estilo ou arranjo da música em questão e se sua banda tem um ou mais
instrumentos harmônicos além do teclado como, por exemplo, o violão.
Se sua banda tiver um segundo instrumento harmônico além do
teclado, procure observar o que os outros instrumentos harmônicos estão fazendo
antes que você acabe tocando por cima deles e tornando seu papel na banda algo
redundante. Por exemplo, se o violão já está fazendo a ´levada´ da música, com
acordes abertos, procure tocar com um timbre que soe distinguível do violão e
que não precise ser tocado o tempo todo. Desta forma seu timbre somará ao do
violão e permitirá que a música respire.
Caso os outros instrumentos harmônicos deixem para os teclados o
papel de fazer a ´levada´ da música, procure usar um timbre como o do piano e
deixe que a banda preencha os espaços, permitindo assim que a música respire.
Tocar o tempo todo, além de prejudicar a dinâmica de uma música,
desgasta o frescor do som de seu instrumento. Tocar apenas se for necessário
tornará suas idéias musicais mais ricas e possibilitará que todos sejam
ouvidos.
Tome cuidado com o que você faz com a sua mão esquerda,
especialmente se sua banda já tiver um baixista. Deixe o baixo para ele, pois
desta forma o que o contra-baixo fizer vai soar limpo e claro. A alternativa é
usar a mão esquerda para tocar parte da harmonia distribuída nas duas mãos.
Quanto aos timbres que devem ser usados, isso é uma questão de
gosto e não há regra, a não ser o bom-senso. Caso você use tim¬bres derivados
de instrumentos acústicos como o de uma flauta, por exemplo, procure observar o
que um flautista faz com o seu instrumento para que você não saia por aí
fazendo acordes com seu som de flauta — não que haja algo de errado em fazer
isso, mas procure fazer com que sua imitação soe realística.
O bom uso dos Pedais
Ao
tocar uma música com o timbre do piano, procure usar o pedal de sustain, pois
todo piano possui um e usá-lo faz parte do instrumento. Se você não souber
usá-lo, procure a ajuda de um professor de piano para que o som não fique
picado ou embolado.
Pedais de expressão ou de volume também são muito úteis para obter
realismo na execução e podem lhe dar mais liberdade, pois libera o uso das mãos
em controles que podem ser efetuados pelos pés.
Muitos tecladistas usam o pedal de expressão para controlar o
som do segundo layer (som que fica por baixo, como uma segunda camada). Ao usar
um timbre combinado como o piano mais pads, por exemplo. O piano é tocado o
tempo todo, mas o pads só aparece quando o pedal de volume é acionado,
proporcionando mais dinâmica e realismo a sua execução. Também é uma excelente
ferramenta se utilizado com tim¬bres de órgão.
Como escolher um Instrumento
Mesmo
na hora de adquirir um teclado essas coisas devem ser levadas em conta.
Procure comprar
um teclado que possua: (a) entrada para pedal de sustain; (b) teclas sensitivas
(teclas que respondem a intensidade do toque); (c) entrada e saída MIDI (MIDI
IN/MIDI OUT); (d) timbres básicos que o agradem como os de piano acústico,
piano elétrico (tipo Rhodes), órgão e pads (Warm Pads).
Quanto à marca e modelo, procure comprar algo que seja acessível
e que atenda as suas necessidades, pois nem sempre o mais caro é o melhor. Mas
dê preferência às marcas que têm mais tradição no mercado — Korg, Roland,
Yamaha, Kurzweil e Casio —, pois até a disponibilidade de assistência técnica
deve ser considerada.
Você vai encontrar teclados de segmentos e propostas distintas,
e por isso é importante que você identifique o propósito de seu uso (veja
quadro ´Escolha o perfil do seu instrumento´).
TECLADOS X ARRANJOS
Devido
à facilidade de poder ouvir e criar seqüências de timbres de toda espécie é que
vemos mais e mais arranjadores usando os teclados para produzir, e mais
tecladistas se tornando arranjadores e produtores. O processo de experimentação
não tem limites. Contudo, é de extrema importância que o tecladista faça suas
experiências baseadas em seus conhecimentos musicais.
No caso de um produtor ou arranjador que toque outro instrumento
diferente do teclado ou piano, é necessário que ele saiba tocar algum
instrumento harmônico, como o violão. Portanto, é necessário que ele possua
conhecimentos de harmonia, arranjo, estilos e formas musicais, além de uma boa
noção do papel que os instrumentos que ele vai utilizar ocupam e como devem ser
executados. O estudo musical para quem quer se dedicar à música como instrumentista,
arranjador ou produtor deve fazer parte de sua vida — e não tem fim. Quanto
mais você conhece, mais você descobre que tem mais para aprender.
O LÍDER DE LOUVOR TECLADISTA
Liderar
louvor e tocar teclado ao mesmo tempo não é uma tarefa fácil. Admiro os músicos
que fazem isso e, na verdade, tive a oportunidade e a honra de conhecer dois
tecladistas-cantores que se tornaram referência de músicos profissionais e de
pessoas que dedicam suas vidas e tudo o que fazem para o Reino de Deus: Gerson
Ortega e Nilson Ferreira. Estes dois ministros de música me mostraram que não
só é possível tocar teclado e cantar ao mesmo tempo, mas é possível fazer isso
muito bem. Uma vez perguntei ao Nilson como ele conseguia cantar o tenor e
tocar teclado ao mesmo tempo, e ele me disse que para ele era só imaginar o som
que você gostaria de ouvir dos dois instrumentos (teclado e voz) como produto
final e deixar seu corpo (mãos e voz) fazerem o resto.
Isso exige muitas ´horas de vôo´ e uma grande independência
entre as funções dos dois instrumentos em questão. Contudo ,
isso não é impossível e, na realidade, liderar louvor com um instrumento nas
mãos torna mais fácil para conduzir sua equipe, pois a harmonia e as indicações
das seções musicais — refrão, estrofe etc. — estão em suas mãos. Mas se em
algum momento o instrumento atrapalhar sua li¬derança no louvor, sugiro que
você pare de tocá-lo naquele momento e passe a liderar mais sua equipe, pois o
período de louvor não deve ser usado como um momento de estudo pessoal.
MAIS DE UM
Em
equipes ou bandas que têm dois (ou mais) tecladistas, procure fazer como no
caso do violão. Se um teclado estiver tocando com timbre de piano, toque com
qualquer outro timbre, exceto piano. Parece óbvio, mas já vi equipes de louvor
em que os músicos estavam tão concentrados em tocar seu próprio instrumento que
se esqueceram de que estavam tocando em um grupo, e não individualmente.
Não toque o tempo todo, e se for possível planeje com
antecedência o que os dois teclados devem fazer em cada música. Lembre-se que
quanto mais instrumentos sua banda tiver, menos você vai tocar. Afinal, a banda
deve soar como um instrumento só, cada um no seu lugar, mesmo que para isso
seja necessário que você não toque em determinado momento. Não tem problema. O
importante é somar aonde for necessário somar.
ESTUDO E PRÁTICA
Além
do estudo musical formal, como o co¬nhecimento teórico e a leitura de
partituras, o estudo ´popular´ também é importante. O músico completo é aquele
que domina toda a linguagem musical, seja através de partituras, cifras ou
simplesmente a identificação das notas pelo ouvir — o famoso ´tocar de ouvido´.
Quanto mais o músico aprimorar todas as facetas da linguagem musical
disponíveis, melhor será sua própria compreensão musical como também sua
comunicação com outros músicos, sem falar de sua versatilidade como
instrumentista ou produtor musical-arranjador.
A música é uma arte que usa o sentido da audição para ser
propagada, compreendida e assimilada, portanto, antes de qualquer coisa, a
música deve ser algo criado para ser ouvido — e não debatido. Músicos que não
têm interesse em desenvolver seu ouvido musical e se prendem a simplesmente ler
o que está escrito, estão limitando algo que a arte veio para liberar: a
criatividade.
Da mesma forma, quem só consegue tocar o que soa bem mas nem faz
idéia do que está fazendo, fica limitado por não ter segurança nenhuma, uma vez
que o que ele toca não tem fundamento algum. Pode até estar correto, mas lhe
falta direcionamento, pois seu conhecimento se baseia apenas em sua
experiência.
É importante, sim, estudar a riqueza da música documentada em
partituras, pois é a origem do conhecimento da história musical da humanidade,
assim como é importante não ficar preso a isso e um dia perceber que o tempo
passou, mas sua musicalidade está quatro séculos atrasada.
Portanto, procure tocar tudo o que você escutar: jingles do
rádio, vinhetas de TV, temas de filmes, músicas de CDs, vinis, fitas cassetes,
a música que toca em sua cabeça etc. Procure também ler tudo que estiver ao seu
alcance: exercícios técnicos, peças eruditas, peças populares, temas
folclóricos, hinários e uma infinidade de materiais disponíveis. Lembre-se: o
mundo musical é muito maior do que podemos imaginar e não dá para prendê-lo na
caixinha da comodidade, da miséria e da ignorância.
´O´ INSTRUMENTO
O
teclado é um instrumento completo, pois com ele você pode tocar a harmonia, o
contra-baixo e a melodia de uma música qual¬quer ao mesmo tempo,
independentemente do estilo. Por essa razão muitos compositores usam o piano ou
os teclados para compor ou arranjar suas canções, mesmo aqueles que não são
pianistas ou tecladistas.
E é
exatamente por isso que o teclado é um instrumento de fácil utilização e
adaptação em qualquer situação: sozinho ou em banda.
Ao
mesmo tempo que o teclado é um instrumento que pode resolver o problema
sozinho, lembre-se que quanto mais instrumentos uma banda tiver, menos você vai
tocar. Em alguns casos, é melhor nem mesmo tocar. Nestes momentos, procure
olhar para seu teclado como um processador de efeitos sonoros — aquele som que
aparece não se sabe de onde e nem para onde foi, mas que acrescenta novidade ao
arranjo de forma discreta e original. A cereja no bolo!
Procure desenvolver na música que você toca a essência do
conceito ´menos é mais´. Este é um grande diferencial especialmente para os
tecladistas que fazem parte de equipes de louvor. Portanto, gaste tempo com seu
instrumento pesquisando novos sons, experimentando e criando novos timbres;
Lembre-se que é você quem determina o limite de sua música — pois para a
música, criada por Deus, através de Deus e para Deus, não há limites.
ESCOLHA O PERFIL DO SEU INSTRUMENTO
TECLADOS
ARRANJADORES (conhecidos como
teclados inteligentes). São teclados que praticamente dispensam a banda, pois
neles, com o aperto de um botão, você consegue um arranjo completo com bateria,
contra-baixo, guitarra, orquestra etc. Tudo em um único instrumen¬to. È o
´teclado faz tudo´! São bastante comuns em restaurantes, bailes de formatura e
escolas de teclado. Porém a qualidade de seus timbres deixam um pouco a
desejar.
SAMPLERS São
teclados que possuem uma função bastante específica — criar amostras de sons
gerados por uma fonte externa. São ´copiadores de sons´. Se você estiver
pensando em usar seu teclado em um estúdio, esta seria sua melhor opção, pois
estes teclados podem copiar com fidelidade e alta qualidade qualquer som
externo. Sons de automóveis, instrumentos acústicos, animais, sons da natureza,
sua própria voz etc. Porém seu uso é bastante técnico e pouco prático se você
precisa das coisas feitas sem perder tempo, como trocar de timbre, por exemplo.
WORKSTATIONS são
teclados que possuem ótimos timbres em grande quantidade (às vezes milhares de
sons). Os sons são, em sua maioria, produzidos sinteticamente, e não
acusticamente como é o caso do sampler. Porém, hoje são tão realísticos quanto
estes. Além disso, são mais fáceis de operar ao vivo por serem organizados em
grupos — pianos, cordas, baixos, sopros etc. — e possuem um seqüenciador interno
que possibilita gravar dezesseis ou mais canais de sons internos disponíveis
nele. Desta forma, você faz seus próprios arranjos para as músicas, desde a
linha melódica até o arranjo de bateria. Tudo nota por nota. É muito usado por
produtores musicais e arranjadores por serem teclados com recursos bastante
profissionais e, por isso, têm um custo bem alto.
SINTETIZADORES São teclados que simplesmente possuem
timbres que podem ser editados e armazenados em uma memoria RAM interna do
instrumento. São extremamente fáceis de usar por serem dedicados ao público que
toca ao vivo e que não pode perder tempo com programações feitas na hora no
palco. Geralmente, seus parâmetros para edição são de fácil acesso e
visualização. Por não terem seqüenciador, ritmos prontos com orquestra, nem o
recurso de copiar amostras de sons externos é o instrumento de menor custo hoje
no mercado. No entanto, nem todos os modelos possuem timbres de alta qualidade.
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