Pois é, acredite nisto , menos com Deus é sempre Mais !!!
Desde que comecei a tocar em uma equipe de
louvor, percebi que nem tudo o que eu tocava era bom. E olha que eu tentava
aplicar tudo o que sabia, como encaixar “aquele acorde” que havia aprendido
naquela semana em praticamente todas as músicas. Era como se houvesse muito
glacê para pouco bolo. Mas o que estava dando errado? Tenho certeza de que eu
tentava dar o melhor de minha música para Deus. Mas o que define o que é “o
melhor”? Quanto mais dissonante e repleta de extensões for a harmonia, e quanto
mais “quebradeira” e contra-tempos tiver um arranjo, mais rica esta música
será, certo? Nem sempre.
Simplicidade sem
mediocridade
Com o tempo e conselhos de músicos mais
experientes, notei que uma boa música era aquela em que todos na banda
encontravam seu lugar, como se pudessem falar e ser respondidos, fazendo assim
com que a música respirasse. O grande desafio aqui é o de dar para cada
instrumento que compõe sua equipe algo distinto e simples para tocar (ou não
tocar). No final, avalie se o arranjo permite que todos estejam sendo ouvidos,
respeitando sempre a dinâmica da música, sendo esta intensa ou não.
É importante ter como referência, por exemplo,
um arranjo feito para orquestra. A maioria das pessoas acha uma grade algo
muito intrigante e complexo, mas se você escutar cada instrumento
individualmente, vai perceber que alguns deles tocam somente algumas notas
durante uma peça de dez minutos. Cada um tem seu momento de aparecer ou de
compor um naipe. No final, você escuta algo rico e muito claro.
Por que simplificar?
Cada vez que escuto um arranjo de alguma
música que faz sucesso percebo que ela é mais simples do que o que eu teria
feito. Melodias nas pontes que soam como assinaturas, acordes abertos e puros
com ritmos previsíveis. Simplificar uma música, além de dar a ela uma
identidade, é torná-la acessível ao público. Uma melodia que possa ser
assobiada por qualquer um, é uma música acessível. Isso também facilita ao ser
reproduzida por uma banda. Acordes fáceis colocados no lugar certo, baixo
tocado com um bumbo acentuando a levada, tonalidade acessível para a maioria
dos cantores... Ah, os cantores! Enfim, uma música simples é uma música que não
chama atenção para si mesma e permite que as pessoas atentem para o que
realmente é importante. No caso da Igreja, a adoração a Jesus.
Músicos experientes x
músicos iniciantes
O conhecimento musical, como já disse antes,
não é o único responsável por uma boa música, mas saber aplicá-lo sim. E este
amadurecimento leva tempo. Em uma equipe de louvor procure providenciar uma boa
estrutura para todos os músicos, experientes ou iniciantes, tais como cifras,
partituras, ensaios, gravações das músicas que serão tocadas no culto etc.
Alguns músicos têm mais facilidade lendo, outros tirando uma música de ouvido.
Procure nivelar sua equipe pelo básico. Nem muito profissional, nem muito
amador, respeitando a fase de amadurecimento musical em que cada integrante se
encontra, mas deixando claro onde você quer que ele chegue, estimulando e
encorajando-o.
A importância do ensaio
Há pessoas que acreditam que o ensaio
prejudica a espontaneidade do período da adoração, tornando-o algo frio e
mecânica. Mas, ao contrário disso, a prática do ensaio não só promove a união
entre os músicos envolvidos, como também cria um ambiente de aprendizado mútuo
e proporciona mais segurança na execução das músicas. O que gera mais liberdade
e espontaneidade no período da adoração, dando para o músico condições de se
expressar melhor, sabendo qual o seu papel. Particularmente, vejo o ensaio como
um passo prático de adoração a Deus, entregando a Ele um período de adoração
com preparo, dedicação e excelência.
Dinâmicas para
improvisação
O que fazer durante um período instrumental no
louvor? Ou o que tocar quando o dirigente simplesmente aponta para você
executar um solo durante uma ponte ou o refrão da música? Improvisação é a arte
de expressar algo espontâneo, inspirado no momento, algo singular. Improvisação
também é algo para ser praticado durante os ensaios, pois requer conhecimentos
mínimos de escalas, harmonias e estilos, além de amadurecimento musical.
Músicos que já improvisam com facilidade costumam tocar séries intermináveis de
arpejos seguidos de escalas cromáticas e diatônicas, ascendentes ou
descendentes, e o mais rápido possível.
O alvo aqui seria o de, com uma ou poucas
notas, expressar um sentimento tão profundo quanto o de uma escala formada por
um grupo de semi-fusas. Lembre-se: MENOS É MAIS. A atenção não deve estar
focada no solo, mas no inspirador dele. Afinal, quem tem sido sua inspiração
musical? Procure observar o que o Pai está fazendo naquele momento, e traduzir
isto em notas. Não tenha medo de errar, arrisque! Se você
sente que Deus está ministrando para seu povo sobre misericórdia, com fé, toque
arrependimento. Enfim, improvisar também é entoar um cântico novo. Miles Davis,
um dos maiores gênios do jazz, uma vez disse: “Eu já sei tocar todas as notas,
agora num solo procuro a ausência delas”.
Como harmonizar as vozes
Ah, finalmente os cantores. O grupo mais
importante dentro da equipe de louvor, e ainda assim o grupo de menor preparo
musical na maioria das igrejas (afinal, todo mundo sabe cantar, certo?) Não
posso deixar de enfatizar o quanto é importante que as pessoas que se propõem a
cantar na equipe de louvor busquem treinamento técnico nesta área. A voz é o
instrumento mais complexo e mais perfeito que existe. Necessita de muito
cuidado e preparo.
O estudo técnico da voz ajuda na pronúncia ou
articulação das palavras como também na respiração, dinâmica e afinação da voz,
além de dar embasamento prático e teórico para harmonização vocal. Harmonização
vocal é a adição de uma ou mais vozes diferentes da melodia, baseadas na
harmonia ou acordes de uma música. Sempre que um arranjo vocal for feito,
procure respeitar a dinâmica natural da música. Portanto, onde houver mais
tensão, geralmente no refrão, acrescente vozes à melodia, enchendo o arranjo
com mais harmonia. Porém, onde a música não pedir tensão, geralmente nas
estrofes, deixe a melodia sozinha, com menos harmonia.
Se você está montando um backing vocal (e não
um coral), as vozes que o compõem o podem ser simples. No coral você pode ter
várias vozes por naipe. Por exemplo: 4 tenores, 4 baixos, 4 contraltos e 5
sopranos. No backing vocal é suficiente ter 1 contralto, 1 tenor e uma voz
masculina ou feminina cantando a melodia, como que um reforço nos momentos de
maior tensão apoiando o solista ou dirigente.
Ensaie sempre, tire todas as dúvidas que
aparecerem durante o ensaio. Não menospreze a sua parte no vocal, por menor que
ela seja. Procure pensar no arranjo como um todo, e não apenas a sua parte
microscopicamente. O mais importante é que quando você estiver cantando, sua
função é a de adoração para que as pessoas possam te seguir sem distrações.
Este não deve ser um momento de performance vocal, mas de apontar para Jesus.
Adore, Adore , Adore !!!
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